terça-feira, 23 de agosto de 2011

Teologia (Escatologia)




O mundo assim como Deus quer
  

Revista "MUNDO e MISSÃO"


Renold J. Blank



ual a relação que Deus tem com este mundo? Toda prática religiosa e todo 
culto e, no fundo, até toda doutrina teológica se mede na resposta a essa indagação. Onde, neste mundo, devemos situar Deus? Conforme a resposta que se dá a esta questão, a religião se torna convincente ou ridícula, alienante ou conscientizadora, caminho de fuga ou força transformadora.

Há pessoas que o situam no topo de uma pirâmide hierárquica de poderes e, conseqüentemente, compreendem religião em termos de sistema também hierarquizado, cujo primeiro objetivo é a veneração desse Senhor supremo. Há outras que colocam Deus para fora do mundo, aceitando-o no máximo como espectador passivo de um processo que não mais depende dele. Para essas, religião se aproxima de cultura popular e de manifestações culturais, para embelezar as nossas festas.

Há outras que, pelo contrário, o querem ver como administrador ativo e todo poderoso, que a toda hora interfere e age com poder. Para elas, religião se torna um sistema rígido e ameaçador, através do qual este Deus faz conhecer a sua vontade e controla a nossa obediência às suas leis. E, finalmente, há pessoas que simplesmente hesitam e confessam que não sabem. Estas pessoas, em geral, conhecem as atitudes acima mencionadas e não as compartilham mais.

A sua crença num Deus mágico, que interfere no mundo, se perdeu frente às descobertas científicas, através das quais se explica este mundo cada vez melhor. A sua confiança num Deus todo poderoso, que com bondade dirige o planeta, quebrou diante das desgraças, das dores e das crueldades deste mundo. E a imagem de um Deus legislador e ameaçador, elas a desmascararam como resultado de uma ideologia religiosa interessada no seu próprio poder.

Época pós-cristão

Qual é o papel de sua religião, hoje e nas décadas futuras, onde cada vez mais entraremos numa sociedade marcada por tecnologia, por competição e por lutas pela sobrevivência num mundo?

Voltei agora de uma viagem à Europa, e ainda fico chocado com a acentuada indiferença religiosa das grandes massas. Fico chocado pela experiência de igrejas vazias e de pessoas, cujo único objetivo é a competição profissional e a ascensão social. Tinha a impressão de que, para a maioria das pessoas, a concepção do mundo se resume na busca de bem-estar e a eliminação de seu concorrente profissional ou comercial.

A questão religiosa cristã não se põe mais, e muitos me falaram claramente do cristianismo como algo superado e ultrapassado. "Entramos numa época pós-cristã", diziam. Se essa atitude se restringisse à Europa, poderíamos, apesar de tudo, ficar sossegados. Poderíamos explicar o fenômeno como algo estranho a nós, algo típico do mundo secularizado e racionalizado. Só que a situação não é tão simples assim. Aquilo que nos países da Europa se mostra de maneira evidente no dia-a-dia, também em nossa realidade latino-americana e brasileira começa a se manifestar.


De maneira menos percebida, porque o número dos fiéis é tão grande que os nossos templos permanecem cheios. Mas também em nosso ambiente urbano, constatamos uma emigração silenciosa da Igreja. Também em nosso país, há cada vez mais pessoas que, no fundo, não acreditam mais na maneira como a religião tradicional lhes foi apresentada. Há muitas outras pessoas que vivem a religião como folclore ou reminiscência do passado, como manifestação de culto de um Deus, compreendido como rei e imperador, e isso num mundo que superou tais modelos hierárquicos.

Como resultado, constatamos que também para muitos dos nossos freqüentadores de missas, a verdadeira essência daquilo que é a religião cristã se perdeu. À medida que a consciência das massas se tornar mais crítica, também para muitas delas a religião cristã perderá cada vez mais sua força e sua atratividade. Estaríamos no mesmo caminho que, na Europa, já esvaziou as igrejas. Mas, é exatamente isso que não queremos. Para que não aconteça também ao nosso povo, em vinte anos, aquilo que na Europa já aconteceu, devemos, hoje e agora, começar a agir.

Devemos detectar os problemas e mudar as situações erradas. Onde, porém, estão os problemas? Quais são as causas desse esvaziamento silencioso? Penso que uma das grandes causas é o fato de que, numa história de séculos, a própria religião cristã se afastou muito daquilo que o seu fundador, Jesus Cristo, originalmente quis. Ela se tornou um sistema dogmático e perdeu de vista o seu centro: o ser humano sofrido e esmagado, pelo qual Deus se interessa. Muitos que, em alta voz, se declaram cristãos e cristãs, no fundo, nem sabem mais da intenção primária de Jesus.

À medida, porém, que esquecemos essa intenção, perdemos de vista aquilo que faz da religião cristã uma religião específica, diferente. Ela, então, se torna sistema religioso como tantos outros, com leis e regras, punições e sanções e, conseqüentemente, não há razão para ficar nela. Até fica compreensível que as pessoas busquem respostas que acham mais alegres, mais bonitas, mais felizes. Para evitar uma tal atitude, devemos voltar às nossas origens. Devemos redescobrir aquilo que faz de nossa religião algo especial, da qual vale a pena participar de maneira ativa.

Fazendo isso, não encontraremos celebrações pomposas, um sistema rígido, punições severas contra quem não segue a lei. Em vez de tudo isso, encontramos a convicção de um homem simples e humilde de que Deus não é assim como o sistema religioso estabelecido na sua época o tinha proclamado. Encontramos a certeza absoluta de um carpinteiro, Jesus de Nazaré, no qual reconhecemos o Filho de Deus, que esse Deus não é um Deus que exclui os fracos e pecadores, mas um Deus que tem compaixão deles. Encontramos a mensagem de um Deus solidário com as pessoas que sofrem, que choram, que estão doentes, excluídas, rejeitadas e esmagadas pelos sistemas sociais e religiosos, políticos e econômicos, em vigor.

O Deus de Jesus

No homem de Nazaré, encontramos a absoluta convicção de que Deus corre atrás daqueles que foram excluídos pelo sistema, marginalizados e perdidos aos olhos dos incluídos. Os perdidos e desprezados, Deus não os despreza. Deus os recupera. Deus corre atrás deles, para que possam perder o seu medo, a sua agressividade e o seu ódio, e recuperar a confiança.

Jesus, num mundo de controles permanentes, apresentou um Deus diferente. Um Deus que compreende e que não rejeita aquele que caiu, mas o recupera. Jesus acabou com o medo das pessoas frente a Deus.

Em vez de um legislador, ele apresentou um amigo e, em vez de um Senhor, mostrou um irmão, junto ao qual, o nosso coração ansioso e perdido, pode achar amparo. Eis a grande mensagem de Jesus. E, por causa dessa mensagem, os marginalizados de todos os sistemas começaram a recuperar a sua esperança. Por causa da convicção de Jesus, de que Deus é assim como ele nos apresenta no sermão da montanha, eles e elas, que não tinham mais espaço num mundo administrado e determinado pelos poderes políticos, econômicos e religiosos, começaram a levantar a cabeça.

Se Deus é assim como Jesus diz, então, de novo, é possível viver neste mundo de desgraças. Se Deus é assim como Jesus diz, é possível não só viver neste mundo, mas é possível, também, começar a transformar este mundo. E, à medida que agimos assim, aquele Deus de que Jesus fala se torna evidente neste mundo, se torna visível, se torna tocável, porque pode ser experimentado no agir concreto daqueles que nele crêem. Eis o segredo da mensagem de Jesus.

E eis a tragédia de uma religião que, no decorrer de séculos, foi se esquecendo dessa verdade e que em vez de transmiti-la, se retirou num sistema de códigos, leis, de sanções e perseguições, excluindo em nome daquele que, nas palavras de Jesus, foi apresentado como contrário a toda exclusão. É, talvez, a grande oportunidade, para a Igreja e os cristãos da América Latina, de redescobrir e transmitir de novo essa verdade fundamental, em cima da qual começou a nossa religião. Fazendo isso e propagando de novo a verdade de Jesus sobre Deus, esta América Latina tem a grande chance de tornar-se a nova força missionária, num mundo que está cheio de anseios e de necessidades, para redescobrir o Deus de Jesus.

RENOLD J. BLANK, Doutor em Teologia e em Filosofia, é professor titular da Pontifícia Faculdade de Teologia de São Paulo.

Teologia (Escatologia)

Uma indagação inquietante para muitos



 Revista "MUNDO e MISSÃO"

Rencarnamos ou Ressuscitamos?


 Renold J. Blank


convicção comum na maioria das religiões que, depois da morte, algo da pessoa humana, um espírito, uma alma ou algum outro princípio, continuará vivendo. Em muitas culturas defende-se, além disso, a idéia de que esse âmago invisível precisaria ainda passar por algum processo de purificação ou de aperfeiçoamento.

Nos escritos sagrados do hinduísmo, encontramos desde o século 6 a.C. a teoria de que tal aperfeiçoamento aconteceria através de, assim chamadas, reencarnações. As pessoas, depois da morte, teriam que voltar, em outro corpo e numa outra época, para viver outras vidas terrenas. Assim, pagariam pelas faltas cometidas em vidas anteriores ou receberiam a devida recompensa por suas boas obras.

A existência apresenta-se, a partir dessa visão, como roda sem fim de novas vivências, regidas por uma lei cósmica chamada "karma". O budismo adota a mesma crença. No contexto da cultura greco-romana, ela foi desenvolvida, desde Pitágoras e Platão, sob o nome de "metempsicose", de migração da alma de um corpo para o outro. Na época do Império Romano, as elites não-cristãs aderiram em grande parte à mesma crença, sobretudo a partir do movimento intelectual do neoplatonismo, do séc. 3 d.C. E até no judaísmo tardio do século 9 e 10, encontramos grupos que acreditavam na reencarnação.

Em meados do séc. 19, Alain Kardec formula, na França, uma síntese de várias dessas crenças, interligando-as com outras idéias sobre possibilidades de entrar em contato com espíritos de mortos. A sua concepção espalhou-se em pouco tempo sob o nome de espiritismo kardecista.Esse espiritismo, com o seu misticismo científico, tornou-se a grande base para todos aqueles que quiseram manter a idéia de uma sobrevivência depois da morte, sem por isso adotar a explicação, aparentemente mais mística do que científica, das religiões cristãs. A reencarnação parecia responder, ao mesmo tempo, aos anseios de seus corações e às exigências rigorosas da lógica intelectual.

As explicações de seus defensores pareciam lógicas e as supostas provas, apresentadas numa linguagem que soava muito científica, convenceram e ainda convencem até muitos cristãos. Isso, sobretudo, quando esses cristãos, nem de longe, sabem daquilo que, em nosso último artigo, foi chamado de "prova sociológica da ressurreição" Assim se espalhou a crença na reencarnação e até muitos cristãos esqueceram-se da alternativa chocante e inovadora, com a qual a sua própria religião responde à indagação sobre o destino do homem depois da morte: a ressurreição. Essa idéia revolucionária de que o homem, depois da morte, entraria numa forma de existência totalmente outra, nova, em dimensões que nem o intelecto mais imaginativo poderia imaginar, parecia ter perdido muito de seu poder de atração. Por causa disso, vale a pena lembrar de novo a sua gênese e a sua tese absolutamente deslumbrante.

Em oposição total a todos os argumentos lógicos e bem formulados dos adeptos da reencarnação, a idéia de que o último destino do ser humano iria além de uma repetição limitada ou ilimitada de sempre novas vivências, formou-se como crença ardente e viva de um povo insignificante aos olhos de todos os poderosos: Israel.

Nascida a partir de vivências históricas, dentro das quais o povo tinha experimentado a presença de um Deus totalmente diferente de todos os outros deuses da época, surgiu uma nova convicção: este Deus, que era tão diferente de todos os outros, também diante da morte de uma pessoa humana agiria de maneira diferente. "Nosso Deus é um deus da vida"! esta era a convicção central e, sendo ele assim, não deixará o ser humano desaparecer na morte.

Essa fé mantinha-se e expandiu-se durante séculos como a grande alternativa, contra todas as expectativas de todas as outras religiões e filosofias. "Deus é mais forte que toda morte", e como se mantém fiel à pessoa humana, ele a ressuscitará, de tal maneira que nunca mais ela tenha que experimentar a morte.

Não obstante todas as experiências traumáticas e catastróficas pelas quais Israel passou, essa sua concepção de esperança além da morte, já no século 4 a.C., alcança uma forma bem explícita, formulada, entre outros, no grande texto de Isaías, cap. 26, 19: "Teus mortos reviverão, os cadáveres ressurgirão! Despertai e alegrai-vos, vós que habitais o pó".

Não se fala de uma alma, nem de um espírito, que ressurgirá ou que por si seria imortal ou eterno. Exprime-se a convicção de que a pessoa inteira, na sua morte, será resgatada pelo agir de Deus. É ele que age, ressuscitando o ser humano que morreu, para que nunca mais morra. Nesses termos, ficava a convicção de uma fé cheia de esperança e que permaneceu, no nível de fé, por mais de 400 anos, até que foi confirmado historicamente pelo chocante evento que conhecemos pelo nome de "ressurreição de Jesus".

Sobre a historicidade de tal evento e seu significado, falamos em nosso último artigo. A partir dessa ressurreição, aquilo que antes tinha sido fé, alcançou uma base empírica, científica e histórica. Um morto tinha voltado à vida, porque "Deus o tinha ressuscitado". Assim formulam as testemunhas daquela época e, por seu testemunho, quase todos tinham que morrer nas perseguições. Mas nem por isso mudaram.

Deus ressuscitou Jesus e, ressuscitando este morto, confirmou a fé dos séculos passados. Ele, de fato, é um Deus capaz de ressuscitar mortos. Ele não só é capaz, mas ele o faz. Paulo, o brilhante primeiro intelectual entre os seguidores de Jesus, formula de maneira bem clara: "Deus, que ressuscitou Jesus, ressuscitará também a nós pelo seu poder".

Esse primeiro ressuscitado, Jesus, ao qual Paulo se refere, em nada era compreendido como sendo um reencarnado. Um reencarnado, conforme toda a teoria da reencarnação, se tivesse aparecido em outra época, em outra forma, dentro de um contexto histórico diferente.

Jesus, porém, não era diferente. Era ele mesmo e se lembrava completamente de tudo aquilo que tinha dito e feito antes de sua morte - o que um reencarnado nunca consegue. Jesus foi ressuscitado e não reencarnou, disso todas as testemunhas não tinham a mínima dúvida.

A partir dessa experiência, todo pensamento sobre reencarnação parecia simplesmente ridículo, superado e sem interesse nenhum. Por que pensar em repetir quantas vivências no contexto problemático deste mundo, se Deus demonstrou, em Jesus, de maneira tocável e visível, uma outra alternativa? Alternativa melhor e digna de um Deus, do qual se diz que ele quer a vida e que é a vida.

Deus ressuscita o homem e, uma vez ressuscitado por Deus, esse homem nunca mais morre. Deus não ressuscita só uma parte espiritual do homem, uma alma espiritual, mas a pessoa humana inteira, global e completa. E ele o faz, porque ama esses seres humanos.

Ele os ama de tal maneira que não quer esperar uma infinidade de sempre novas reencarnações, através das quais eles se purificariam progressivamente. Uma única vida basta e, depois dela, Deus ressuscita o homem, para que seja amparado no amor e na plenitude de vida dele. E, hesitando e balbuciando, tenho a coragem de dizer: para que Deus seja amparado no amor desse ser humano, que tanto ama e por cujo amor tudo faz.

É essa a grande convicção de esperança que, a partir de Jesus, começou a conquistar o mundo e que hoje, de novo, devemos recuperar.



RENOLD J. BLANK, Doutor em Teologia e em Filosofia, é professor titular da Pontifícia Faculdade de Teologia de São Paulo.

Teologia (Escatologia)


  Será que haverá vida após a vida?

Revista "MUNDO e MISSÃO"



Renold J. Blank


De onde, cristãos e espíritas tiram a certeza de que a sua vida realmente prosseguirá depois desta vida? "Temos que ter fé", dizem os cristãos. "Os espíritos nos informaram", dizem os espíritas, proclamando que o fato da aparição de espíritos é uma prova clara de que a vida depois da morte continua.

Só que tais pretensas aparições estão sendo questionadas, hoje, de muitos lados. Psicologia e parapsicologia mostram que a absoluta maioria das assim chamadas aparições de espíritos pode ser explicada, recorrendo a capacidades inconscientes do ser humano. Conteúdos e imagens da pessoa humana estão sendo projetados para fora e materializados, de tal maneira que todas aquelas materializações, aparições e fenômenos, aparentemente produzidos por espíritos, revelam-se, na realidade e diante do olho crítico da ciência, como produtos dos vivos. São eles - e não os espíritos de mortos - que produzem tais fenômenos. De possíveis fraudes e truques nem vamos falar.

E assim estamos de novo diante de nossas dúvidas. A aparente prova de uma sobrevivência após a morte, apresentada pelo espiritismo, revela-se como hipótese cada vez menos corroborada pelos fatos científicos.

Será que com isso devemos simplesmente permanecer no nível de "ter fé", como muitos cristãos dizem? Ter fé é uma atitude profunda e maravilhosa, mas ter fé não conta no mundo da ciência. A ciência quer fatos mensuráveis, observáveis e comprováveis.

Será que existem tais fatos no que diz respeito à questão da existência de uma vida depois da morte? As pressupostas provas do espiritismo desfazem-se e a maioria dos cristãos, de antemão, recorrem ao nível do acreditar, porque a fé não precisa de provas. Mas, são exatamente esses cristãos que, na realidade, dispõem de uma base empírica indiscutível para a sua fé. Eles têm na mão uma prova que resiste a qualquer questionamento científico. Esta prova, que chamo "prova sociológica", consiste no fato de hoje falarmos ainda de Jesus Cristo.

Não só se fala dele, mas um bilhão e meio de pessoas depositam nele toda a sua confiança e toda a sua esperança. Elas fazem isso porque dizem que este Jesus, depois de morto, teria voltado à vida. Sua ressurreição confirmaria, assim, que há vida depois da morte, respondendo exatamente à nossa indagação inicial. É este o núcleo de fé, no qual acreditam todos aqueles que se chamam cristãos.

Mas, a partir de um enfoque científico-crítico, devemos também aqui voltar a questionar: será que Jesus voltou mesmo? Será que todas as narrações sobre a sua ressurreição não são invenção de seus seguidores, que quiseram continuar com suas idéias?

Essa objeção ficaria impossível de ser refutada, caso este Jesus tivesse morrido de uma morte qualquer, caso, por exemplo, tivesse sido decapitado ou liquidado de alguma outra maneira. Mas, a história dele não terminou assim: Jesus foi crucificado e este fato tem um significado muito especial. Isso, porque, conforme a concepção da época de Jesus, a cruz em nada significava um sinal de honra ou de glória, assim como é hoje no mundo cristão. Ser crucificado, na época de Jesus, era a maior vergonha imaginável. Ser crucificado significava o mais claro sinal de um fracasso total.

Ser crucificado, implicava ser rejeitado e negado pelo próprio Deus, conforme o texto chocante de Dt 21,23, onde podemos ler o seguinte: "Maldito por Deus, quem pende na cruz".

Esse Jesus pendia na cruz e, conseqüentemente, era maldito pelo próprio Deus. De um maldito por Deus, porém, nunca mais se pode falar. Era esta a concepção social e religiosa da época. E como conseqüência dessa concepção, um crucificado deixava de ter existido. Um crucificado não existia mais na memória da sociedade e nunca tinha existido. De um crucificado, simplesmente, não se podia mais falar e muito menos daquilo que tinha dito e feito.

Assim era a atitude da época também frente ao Jesus crucificado. A sua morte era uma vergonha e o maior sinal imaginável de fracasso. Esta também era a opinião de seus seguidores e, por causa disso, todos foram embora. Mesmo através dos muitos filtros, pelos quais a tradição passava até ser escrita nos Evangelhos, ainda transparece a decepção insondável de seus seguidores. 

"Todos ficavam a distância" (Lc 23,49), porque todos, naquela hora, estavam convencidos de que tinham se enganado.

E fora do grupo dos seus discípulos, todos estavam certos de que esse Jesus teria sido um usurpador, um mentiroso talvez, mas, com certeza, não o Messias, porque um Messias não pode ser maldito por Deus.  

Assim, foram embora e sobre esse Crucificado caiu o veredicto que pairava sobre todo crucificado: dele não se falava mais.

Se a história de Jesus tivesse terminado com a cruz, também hoje, ninguém falaria dele, porque, naquela época, depois da cruz, era simplesmente impossível pronunciar o nome do crucificado. Só que hoje, nós falamos de Jesus. Não só falamos, mas ele se tornou a pessoa com a maior influência histórica de todos os tempos.

Como tal fato é possível, frente ao veredicto apresentado acima?

A única explicação possível para tal fenômeno é que, depois de sua morte na cruz, depois de seu óbvio fracasso aos olhos de todos, aconteceu algo tão grandioso, tão chocante, tão absolutamente novo, que até foi possível voltar a falar dele, "apesar" da cruz; apesar do veredicto bíblico e apesar da proscrição social e religiosa. Deve ter acontecido algo que era maior que tudo isso. Maior que toda a tradição de séculos, maior que todos os veredictos da época.

O que foi este acontecimento totalmente único?

Todas as testemunhas que, na época, voltaram a falar dele, apesar da cruz, são unânimes em confirmar que tal evento inimaginável realmente aconteceu. E todas as testemunhas declaram o fato de que esse Jesus, depois de sua morte, voltou vivo. Ele ressuscitou.

A ressurreição tornou-se a grande prova de que Jesus, contra todas as aparências da cruz, não tinha fracassado, de que ele era o Messias, de que Deus estava com ele e não com o Templo que o tinha crucificado. Se essa ressurreição não tivesse acontecido, nada disso poderia ter sido provado.

Assim, porém, voltou-se a falar dele, a sua mensagem continuou, apesar da cruz, porque ele ressuscitou da morte. Deus o ressuscitou, e de um ressuscitado era possível voltar a falar.

Esta ressurreição, além de todo o seu significado teológico, traz assim uma prova, empiricamente mensurável, de que, depois da morte, a vida continua. Porque esse Jesus estava morto mesmo, mas voltou da morte e viveu. Se, porém, podia voltar da morte, então a morte não significa a aniquilação da pessoa.

A vida vai além daquilo que chamamos morte. A prova disso é o fato de que Jesus voltou da morte, e a prova empírica que ele realmente voltou é o fato de hoje falarmos dele. Se ele não tivesse ressuscitado, nunca, naquela época, teria sido possível voltar a falar dele. É esta a prova sociológica da ressurreição de Jesus, que, por sua vez, se torna a prova de que, depois da morte, a vida continua ...



Renold J. Blank, Doutor em Teologia e em Filosofia, é professor titular da Pontifícia Faculdade de Teologia de São Paulo. 

domingo, 21 de agosto de 2011

Filosofia uma Reflexão sobre o Relativismo

 Se o Relativismo fosse verdade

Relativismo é a posição em que todos os pontos-de-vista são tão válidos quanto qualquer outro e em que o indivíduo é a medida do que é verdade para si. Eu vejo um grande problema nisso.

A seguir está uma ilustração para demonstrar por quê.


O contexto: Um ladrão está sondando uma joalheria a fim de roubá-la. Ele entra para checar se há algum alarme visível, fechaduras, o espaço, etc. Neste processo ele inesperadamente se vê envolvido em uma discussão com o proprietário da joalheria, cujo passatempo é o estudo de filosofia e que acredita que a verdade e a moral são relativas.


- Então – diz o proprietário – Tudo é relativo. É por isso que eu acredito que toda a moral não é absoluta é que certo e errado é algo que o indivíduo deve determinar dentro dos limites da sociedade. Mas não há um certo e errado absoluto.

- É uma perspectiva muito interessante – diz o ladrão. - Eu entrei acreditando que existia um Deus e que existia certo e errado. Mas eu abandonei tudo isso e concordo com você que não existe um certo e errado absoluto e que nós somos livres para fazer o que queremos.

O ladrão deixa a loja e volta à tarde para assaltar. Ele desarma todos os alarmes e travas e está no processo de roubar a loja. Neste momento entra o proprietário por uma porta lateral. O ladrão saca uma arma. O proprietário não pode ver a face do ladrão porque este usa uma máscara de ski.

- Não atire em mim – diz o proprietário. – Por favor, pegue o que quiser e me deixe-me paz.
- É exatamente isso que eu pretendo fazer. – Diz o ladrão.
- Espere um pouco. Eu conheço você. Você é o homem que estava na loja hoje cedo. Eu reconheço sua voz.
- Isso é muito ruim para você – diz o ladrão. - Porque agora você também sabe como eu sou. E como eu não quero ir para a cadeia eu vou ter que matar você.
- Você não pode fazer isso – diz o proprietário.
- Por que não?
- Porque não é certo. – implora o homem desesperado.
- Mas você não me disse hoje cedo que não há um certo e errado?
- Sim, mas eu tenho uma família, filhos que precisam de mim e uma esposa.
- E daí? Eu tenho certeza que você tem segurado e eles vão faturar um bom dinheiro. Mas como não há certo ou errado não faz diferença se eu mato ou não você. E já que se eu deixá-lo vivo você irá me delatar e eu irei para a prisão. Lamento, mas isso não vai acontecer.
- Mas é um crime contra a sociedade me matar.
- Isso é errado porque a sociedade diz que é.  Como você pode ver, eu não reconheço o direito da sociedade impor moralidade sobre mim. Tudo é relativo. Lembra-se?
- Por favor, não atire em mim. Eu lhe imploro. Eu prometo não contar para ninguém como você é. Eu juro!
- Eu não acredito em você e não posso arriscar.
- Mas é verdade! Eu juro que não conto para ninguém.
- Desculpe, mas isso não pode ser verdade, porque não há verdade absoluta, não há certo nem errado, nem erro, lembra-se? Se eu deixar você viver e sair você vai quebrar sua promessa porque isso tudo é relativo. Não há chance de confiar em você. Nossa conversa esta manhã convenceu-me que você acredita que tudo é relativo. Por causa disso eu não posso crer que você irá conservar sua palavra. Eu não posso confiar em você.
- Mas é errado me matar. Não está certo!
- Para mim não é nem certo nem errado matar você. Uma vez que a verdade é relativa ao indivíduo, se eu matar você, esta é a minha verdade. E é obviamente verdadeiro que se eu deixá-lo vivo eu irei para a prisão. Lamento, mas você mesmo se matou.
- Não! Por favor, não atire em mim. Eu lhe imploro.
- Implorar não faz diferença.
(Bang!)

Se o relativismo é verdadeiro, então qual o problema em puxar o gatilho?
Talvez alguém possa dizer que é errado tirar a vida de outra pessoa sem necessidade. Mas porque seria errado se não há um padrão de certo e errado?
 
Outros podem dizer que é um crime contra a sociedade. Mas, e daí? Se o que é verdade para você é simplesmente verdade, então qual é o erro em matar alguém para se proteger depois de roubá-lo? Se o que é verdade para você que para se proteger você deve matar, então quem se importa com o que a sociedade diz? Por que alguém seria obrigado a se conformar com normas sociais? Agir assim é uma decisão pessoal. 

Embora nem todos os relativistas ajam de maneira não-ética, eu vejo o relativismo como um contribuidor para a anarquia geral. Por quê? Porque é uma justificação para fazer o que você quiser.


sábado, 13 de agosto de 2011

Parapsicologia (Milagre)

 O Sudário de Turim


O que é o Sudário?
    A palavra "Sudário"provém do Latim Sudarium, lenço com que se enxugava o suor do rosto e pano com que se cobria o rosto dos mortos; posteriormente, passou a designar o lençol usado para envolver cadáveres ou mortalha. Conservado em Turim há mais de 4 séculos, o  Sudário de Turim é um pano retangular de 4,36 metros de comprimento e 1,10 metros de largura.
     O tecido, firme e forte é de puro linho e cor amarelada. A espessura do tecido é de cerca de 34/100 de milímetros, macio e fácil de dobrar. O peso avaliado aproximadamente, é de 2,450 Kg. O linho usado na tecedura do Sudário foi fiado à mão. Cada fio do tecido composto de 70-120 fibras tem um diâmetro variado e a torcedura em Z no sentido horário. 

Incêndio
    
   
  Em 1532, sofreu um incêndio, o qual causou queimaduras que percorrem todo o lençol. Estava dobrado duas vezes no sentido da largura e quatro vezes no sentido do comprimento, formando 48 sobreposições. estava guardado num relicário revestido de prata, da qual fundida, caíram gotas que queimaram em um dos cantos as várias camadas do tecido. Quando foi desdobrado, viu-se que estava danificado de modo simétrico.

Marca da água  
 

Além disso, a água usada para apagar o incêndio e esfriar a caixa incandescente deixou muitos halos (marcas) na forma de losango, as quais circunscrevem as zonas que permaneceram enxutas.
    


Remendos
Os triângulos claros são os remendos das partes queimadas, feitos pelas irmãs clarissas de Chambéry.




A Imagem no Tecido
     O que interessa mais a quem observa o Sudário são sem dúvida, as duas figuras de corpo humano em tamanho natural. Elas se prolongam cabeça contra cabeça, uma de frente, a outra, de costas.
    
    
     O sudário deve ter sido posto longitudinalmente em torno do corpo, para que as imagens pudessem formar-se daquele modo: o cadáver que deixou as duas marcas foi deitado sobre uma metade do lençol, o qual depois foi passado por cima da cabeça e estendido até os pés.
     As duas figuras humanas foram formadas por manchas de dois tipos e de cores diferentes.
     Dois estudiosos americanos, o engenheiro Kenneth E. Stevenson e o Filósofo  Gary R. Habermas, sintetizaram assim a descriçào do homem do Sudário: "a imagem é de um homem com barba e com mais ou menos 1,80m de altura. A idade é calculada em 30-35 anos e o peso em cerca de 80 Kg. É um homem bem constituído e musculoso.

Um Homem Torturado
     O exame dos sinais visíveis sobre o corpo permite deduzir que o Homem do Sudário foi torturado, flagelado e crucificado. Na imagem de frente, o rosto apresenta sinais bastante claros de muitos traumas: tumefações na testa, nas arcadas superciliares, nos zigomas, nas faces e no nariz- este traz uma escoriação na ponta. No conjunto, o rosto tem um aspecto composto e sereno.


    



        


      Pés e pernas                Costas                         Mãos e pulsos                  Tronco
Os ombros estão erguidos. Nota-se uma grande equimose no nível da omoplata esquerda e uma ferida no ombro direito; poderiam ser atribuídas ao transporte de um patibulum ( travessão da cruz ). Os joelhos, especialmente o esquerdo, estão escoriados por quedas violentas. Fios de sangue estão presentes em todo crânio, e são mais evidentes na nuca e na testa.
     São bem visíveis os antebraços e as mãos, cruzadas sobre o abdômem, a esquerda sobre a direita. No pulso esquerdo há uma grande mancha de sangue causada por uma ferida grave. Embora a mào direita esteja parcialmente ocultada pela outra, o fio de sangue que escorre pelo antebraço indica que também o seu pulso devia ter ferida semelhante. São lesões provocadas por grandes cravos. Os dedos, bem visíveis estào alongados. nota-se que os dedos polegares não aparecem; isto porque a lesào do nervo mediano, provocada pelos cravos fincados nos pulsos, na altura do espaço de Desdot, obrigou os polegares a se contraírem e oporem-se a palma das mãos.
     No lado direito da caixa torácica - no Sudário, é o lado esquerdo, porque a imagem é especular ( como em um espelho, o lado direito é o lado esquerdo e vice-versa) em relação ao corpo - nota-se uma grande ferida que deve ter sido causada por uma ponta de lança.
     Nas duas figuras, na anterior e na posterior, notam-se decalques de sangue que formam desenhos bastante regulares em todo o corpo. O sangue se coagulou em lesões lácero-contusas ensanguentadas de modo diferente, muitas vezes aos pares em sentido paralelo, causadas por chicotadas repetidas, cerca de 120. Evidentemente foram produzidas por dois homens (carrascos) postados um de cada lado do Homem do Sudário.
     O pé direito devia estar apoiado diretamente no madeiro da cruz; o esquerdo estava posto sobre o direito; ambos foram pregados juntos nessa posição, e assim os fixou a rigidez cadavérica.

A Imagem em Negativo

     As fotografias tiradas do Sudário determinaram uma reviravolta no interesse e no conhecimento dele, que até então era considerado como simples objeto de devoção. Em 1898, Secondo Pia, advogado e fotógrafo, com sua aparelhagem técnica daquele tempo, fotografou o Sudário. Levou logo as chapas à câmara escura para revelação. Aos poucos, começaram a revelar-se os primeiros contornos,  e depois, o resto, cada vez mais evidente e rico de pormenores. Com grande surpresa, viu que a imagem da chapa era muito mais nítida e compreensível do que se via diretamente no sudário.
    
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Como bom fotógrafo, Pia sabia que no negativo devia aparecer somente a inversão das luzes e das sombras em relação com a realidade:  as zonas claras deviam sair escuras e vice-versa, a direita devia aparecer a esquerda e esta a direita. Como resultado, apareceria uma caricatura grotesca, a qual teria sentido só depois de passada para o positivo. Aí ao contrário, no negativo, estava a imagem positiva, tão real quanto outras que pia tivesse visto. O próprio afirma: "fechado em minha câmara escura e absorto em meu trabalho, senti uma emoção fortíssima, quando, durante a revelação, vi aparecer pela primeira vez, na chapa, o Sagrado Rosto, com clareza tal, que fiquei aturdido".
     Aquela primeira fotografia revelou esse segredo imprevisto e imprevisível e desde então se estuda o Sudário como um dos mistérios mais apaixonantes da antiguidade.
     Posteriormente, usando um computador, realizaram-se várias elaborações da imagem presente no Sudário. Preparou-se um reforço e uma nova limpeza com o emprego de filtros. O uso de um procedimento matemático particular, permitiu certificar que a imagem não tem nenhum sinal de direção, e que portanto não pode ter sido pintada.
     Durante as averiguações em 1978, fizeram-se milhares de fotografias, com as técnicas mais modernas, e macrofotografias científicas, radiografias, termografias, fotografias por trnsparências, etc.Muitíssimas outras fotografias foram feitas em 1988 durante a retirada de tecido para o exame com o carbono radioativo C14.



Análise com Microscópio

     Em 1973, nomeou-se uma comissão para autenticar as fotografias tiradas em 1969; participava da comissão também um cientista protestante suíço, Max Frei Sulzer, perito em microvestígios e criminólogo de fama internacional, fundador e durante vinte e cinco anos diretor do serviço científico da polícia de Zurique.
     Ele encontrou no sudário notável quantidade de pó atmosférico muito fino e tirou doze amostras de pó, usando fitas adesivas especiais, que podiam retirar os micro vestígios do tecido sem danificá-lo.
     As espécies de pólen identificadas no Sudário por Frei são 58; 17 delas se encontram na França ou na Itália. Três quartos são de plantas na Palestina, sendo muitas delas típicas e frequentes em Jerusalém e arredores. Isso comprova que o Sudário estivera em Jerusalém. Toda a coleção das amostras de Frei Sulzer se encontra nos Estados Unidos desde 1988.

Uma Moeda de Pilatos

     Graças a elaboração tridimensional, notaram-se dois objetos arredondados postos sobre as pálpebras (costume usado na época) ; logo se supôs que poderia tratar-se de pequenas moedas. A confirmação veio dos estudos aprofundados de Francis L. Filas, docente na Loyola University de Chicago.
     Ele identificou a moeda que esteve sobre o olho direito do Homem do Sudário como um lepton, precisamente como um dilepton lituus, cunhado sob Pôncio Pilatos entre 29 e 32 d.C.
     Com a técnica da sobreposição em luz polarizada, foram contados 74 pontos de congruência entre a moeda de Pilatos e a imagem sobre o olho direito. Como comparação, pode-se considerar que, para identidade de duas impressões digitais são suficientes 14 pontos coincidentes em sobreposição.

Conclusão

O Homem do Sudário é Jesus Cristo

     O Sudário não é uma falsificação. Com nenhuma técnica se poderia fabricar na Idade Média (como alguns afirmam) alguma coisa semelhante; nem hoje, com toda técnica moderna.
     Esse pano tem as características de um tecido funerário hebraico do século I, proveniente da área palestinense.
     Esse Homem sofreu uma crucifixão romana do século I, com particularidades desconhecidas na Idade Média, mas em sintonia com as descobertas histórico-arqueológicas posteriores.
     Esse corpo sofreu os tormentos descritos nos evangelhos, também nas particularidades personalizadas.
    O sangue humano se coagulou sobre a pele ferida e passou para o tecido, com modalidades irreproduzíveis com pincel.
     Esse cadáver, posto no lençol cerca de duas horas depois da morte, permaneceu por 30 a 36 horas sem sinais de putrefação.
     Essa imagem em negativo não é pintura, nem estampa, nem chamuscadura. É uma projeção do corpo, a qual codificou em si, a informação tridimensional e é como se houvera sido impressa no tecido por um fenômeno foto radiante.
     Esse lençol não tem sinais de deslocamentos; ele se afrouxou e se abaixou porque ficou vazio.
     A questão do Sudário se torna uma questão aberta- dizia o escritor Ítalo A. Chiusano- O ônus da prova compete aos cientistas. Caberá a eles, explicar-nos todas as questões: dos pólens, da tridimensionalidade, da imagem em negativo, das coincidências históricas e arqueológicas, das moedas de Pôncio Pilatos sobre os olhos do cadáver, da ausência de decomposição, da impossibilidade de que a imagem tenha sido pintada, etc. 

Mensagem
     A existência dessa imagem vigorosa no tecido sugere questões profundas. Resta a pergunta: "E vós, quem dizeis que eu sou?"  por isso , o Sudário continua a apaixonar a opinião pública, desafiando a Ciência, e provocando crentes e não-crentes com o fascínio de um mistério que cada um gostaria de ver definitivamente descoberto. No silêncio da Morte, o Homem do Sudário interpela a Humanidade como Cristo há dois mil anos: "E vós, quem dizeis que eu sou?" A resposta não é fácil, porque reconhecer Cristo morto e ressuscitado significaria abalar a existência. O Sudário, como Cristo não tem pressa. Parece não temer o tempo. Tem paciência e espera. Não pode ser cancelado. É mudo, mas interroga-nos com seu silêncio. O Sudário se cala, mas faz a ciência falar.
     Não foi por acaso que João Paulo II afirmou: "O Sudário é um documento que parecia esperar os nossos tempos". João Paulo II definiu assim o Sudário: " Uma relíquia extraordinária e misteriosa, e se aceitarmos os argumentos de muitos cientistas- uma testemunha singularíssima da Páscoa, da Paixão, da morte e da Ressurreição. Testemunha muda e , ao mesmo tempo, surpreendemente eloquente".
     Naquela mísera carne, refletia o escritor François Mauriac- ," saída de um abismo de humilhações e de torturas, Deus Resplandece com uma grandeza suave e terrível, e aquele rosto venerável, pede talvez mais Adoração do que Amor."
     Está nú; deu tudo para resgatar-nos. Está mudo; falam por ele suas chagas.  Olha-nos com os olhos fechados, de trás daquele pano que um dia Ele atravessou. E nos acolherá quando, por nossa vez, nós o atravessarmos.

Trechos extraídos do Livro "O Sudário- Uma imagem impossível" de Emanuela Marinelli -Editora Paulus.



A Verdade sobre o Santo Sudário  

I -O Sudário de Turim e o Carbono 14 

O Santo Sudário de Turim, é um pano de linho de 4,36 por l' 10 cm, tecido em forma de peixe. Traz a imagem de um homem em frente e verso, de 1,80 m de altura, morto na cruz. Tudo indica tratar-se do sudário que envolveu o corpo de Cristo conforme JO.19,28- 42 e 20,3-10.
Apareceu em 1357, em França, como um objeto antigo. Foi levado à catedral de Turim em 1578. Alguns textos falam da presença da relíquia em Jerusalém no ano de 640 e em 1150, em Constantinopla. .


Teste do carbono 14

     Em Outubro de 1988, um pedaço de 7 por 1 ,2 centímetros, foi tirado do Sudário, cortado ao meio e uma das metades dividida em três. Seriam submetidas ao teste do Carbono 14. Como é sabido, este teste é um moderno sistema de datação de objetos muito antigos. O carbono é a base de toda a matéria orgânica da r erra. O carbono 14 é chamado de traçador radioativo. O acompanhamento da sua degradação é utilizado para se medir a idade de qualquer matéria orgânica.


      O teste foi aplicado aos três pedaços por equipes independentes, em universidades de Oxford, Inglaterra; Tucson, Arizona, USA; e Instituto de Tecnologia de Zurique, Suíça. O Museu Britânico, de Londres, supervisionou, analisou os três pareceres e elaborou o relatório final e definitivo:
"Idade não superior a 723 anos. Data entre 1260 e 1390. Século XIII". O então cardeal-arcebispo de Turim, Anastacio Ballestrero, revela ao mundo que o Sudário não era uma relíquia dos tempos de Cristo como se pensava, mas uma pintura medieval. O que causou espanto entre a comunidade científica e católica, pois contrariava os resultados de praticamente todas as demais pesquisas até hoje realizadas.


      Historiadores e Cientistas retomam o estudo da relíquia lan Wilson (Historiador)
No seu livro "Holy Faces, Secret Places" (Doubleday), o Dr. Wilson cita toda a demonstração de Isabel Piczek (artista profissional de Los Angeles) de como é impossível a um artista ou falsificador ter criado uma imagem do tipo do Sudário.
Foi ainda o Dr. Wilson que descobriu em 1973, na imagem do Sudário, um rabicho de cabelo mais comprido nas costas, costume dos judeus no século I.
Em relação ao Carbono 14, o Dr. Wilson relata exemplos que provam que o teste do Carbono 14 não é exatamente infalível. A datação, por exemplo, da erupção da ilha Egeia chamada Thera, tem diferença de 2000 anos entre um e outro laboratório que analisaram o mesmo tipo de amostra. ..
E em entrevista ao "Shopping News"(Jornal Brasileiro), em 04/10/92 ele alerta para fatos históricos que poderiam ter contribuído para erros no teste C-14, como o incêndio que o Sudário sofreu em 1532. E o mais impressionante: alguma forma de energia radiante, termonuclear que lampejou a imagem sobre o Sudário, poderia ter causado um desvio dos isótopos do C-14.


Jérôme Lejeune (Cientista -geneticista)
      Trata-se de um dos mais ilustres geneticistas do mundo. É membro da Pontifícia Academia de Ciências que conta entre os seus 80 membros 25 prêmios Nobel!
Em entrevista à revista 1130 dias" (ed. brasileira, Setembro/93) ele afirma que houve um verdadeiro complô organizado para desacreditar o Sudário. E que a objeção do C-14 é anticientífica. Por quê?


      O Dr. Jérôme Lejeune relata erros absurdos de datação com C-14, entre outros, até pelos laboratórios que analisaram o Sudário. Na revista "Science", 1988, o teste com C-14 atribuiu a idade de 26 mil anos à carapaça de caracóis que ainda estavam vivos!
Mais engraçado o erro publicado na revista "Radicarbon", especializada no ramo. O laboratório de Zurique deu 350 anos para uma toalha de linho que não teria mais do que 50. Deixar a datação do Sudário, sem um estudo interdisciplinar, só para o Carbono-14, é irresponsabilidade ou então intencional campanha de descrédito.


      Outro dado importante do Dr. Lejeune, é o manuscrito de Pray, o mais antigo manuscrito existente na Hungria, conservado na Biblioteca Nacional de Budapeste. Foi encadernado em 1192. Portanto, século XII. Nesse manuscrito, o desenho que representa o embalsamento de Cristo, coincide com as características do Sudário. De onde se conclui que o Sudário já existia antes de 1192. Isso é uma certeza histórica definitiva contra a objeção do C-14.


Dimitri Kuznetzov
      Cientista russo ganhador do Prêmio Lenine, o mais importante da União Soviética, graças às suas pesquisas precisamente com o Carbono-14.
Não sendo cristão, não tem interesse pelo Sudário como relíquia sagrada, se- não como um dos mais intrigantes problemas arqueológicos que se podem apresentar a um cientista, segundo palavras suas.
kuznetzov acusa aos objetores pelo C-14 de preconceito. Inclusive reproduziu em laboratório as condições traumáticas semelhantes a um incêndio (recordamos que o Sudário de Turim sofreu um incêndio em 1532, na capela de Chambéry, em França). Mais, o Dr. kuznetzov calculou o enriquecimento do C-14 que se seguiu ao tratamento do linho para transformá-lo em tecido, somando as consequências do incêndio. Demonstrou ainda que, o Sudário de Turim não pode ter menos de 1900 anos. Provou haver uma modificação no resultado do teste C-14 que falseia a datação: o tecido fica a parecer muito mais recente do que é na realidade.


Congressos:
      Paris (1989) e Roma (1993) Organizados pelo CIEL r -Centro Internacional de Estudos sobre o Lençol de Turim. Estes Congressos mostraram evidências da veracidade da relíquia. A maior parte destas provas são as mesmas dos cientistas da NASA, que desde 1977 estão a estudar o Sudário. Somadas às outras evidências levam à constatação do resultado do teste com C-14 realizado pelos três grupos de pesquisadores objetantes.


Um mínimo de bom senso!


-Um teste do tipo C-14 deve ser repetido várias vezes para se chegar a um resultado confiável.
-A datação fica prejudicada pela enorme quantidade de substâncias orgânicas alheias que durante séculos se foram depositando sobre o lençol. Como eliminar tais impurezas?
-Exposição aos raios e luz do sol, vento, poeira, fumaça, velas, círios acesos... -Além de tocado por milhares de mãos em igrejas frias e úmidas, locais
fechados, ambientes carregados de dióxido de carbono...
-Já conhecido no século VI, a partir de onde e até hoje, os retratos são com o rosto sempre de frente.


      Um mínimo de bom senso e espírito científico garantem que os três grupos de objetantes com o C-14, não tiveram nenhum espírito cientifico em procurar a verdade, dado que não poderiam ser tão desconhecedores de como há de fazer e interpretar o teste do C-14.
Nenhum cientista ou qualificado que tenha estudado o Santo Sudário pode negar sinceramente a sua autenticidade.


II -A Pesquisa Histórica no Lençol de Turim Secondo Pia (Fotógrafo)(1898)
No dia 28 de Maio de 1898 o Sudário foi fotografado pela primeira vez. No negativo da fotografia, ele descobre espantado o positivo óptico!
É totalmente impossível que se conseguisse pintar em negativo, cinco séculos antes da máquina fotográfica ter sido inventada. Não seria possível uma inversão positivo/negativo nessa época. O mesmo argumento é também defendido por Ives Delage e Paul Vignon.
Além de que ninguém, em épocas passadas, poderia reproduzir no desenho características anatômico-fisiológicas das que a Medicina tomou conhecimento só há 150 anos, no início do século XIX.


José Euric (1931)
Nova bateria de fotos com inúmeros detalhes novos.
Inspirados em Secondo Pia o mundo inteiro começou uma verdadeira onda de pesquisas sobre o Sudário.


      Ashe (1966) e Willis (1969) Estes dois cientistas, procuraram perceber o modo como foi "impresso" o Sudário e a conclusão irrefutável é empolgante: a impressão no lençol de Turim deu- se por uma radiação luminosa-térmica.
Explicando melhor: ao ressuscitar, ou seja, a passagem do corpo morto ao estado vivo e glorioso, há uma espantosa produção de energia, que se pode comparar a uma explosão atômica. Uma explosão atômica controlada. Em relevo, segundo a profundidade da queimadura. E está de acordo ponto por ponto, com a distância do corpo que "explodiu atomicamente" .Mais tarde essa descoberta foi confirmada pelos especialistas da NASA.


      Dr. Max Frei (1973) Trata-se da maior autoridade mundial em identificação de pólens. Encontrou oito tipos de pólens só encontrados na Palestina: algumas plantas hoje raras, outras cada vez mais antigas e algumas inclusive que só existiam na época de Cristo.
E mais ainda: pelo estudo do pólen de outras plantas que aparecem no Sudário pode-se determinar, ou melhor, reconstituir o itinerário do Sudário: saiu da Palestina, esteve em Edesa (Turquia), Chambéry (França) e por fim Turim. Exatamente com se sabia pela história.


NASA (1977)
      Uma equipe com mais de quarenta cientistas, onde só quatro eram católicos. Subvencionados pela NASA, gastaram mais de dois milhões e meio de dólares em equipamentos. (Fato curioso: alguns cientistas, entusiasmados com o estudo, chegaram a vender o seu próprio carro para completar a subvenção. Entre todos devemos destacar Eric Jumper -Professor de Aerodinâmica e John Jackson - Professor de Física).



      Analisando o Sudário de Turim, destroem a sensação de falsificação: não encontram sinal algum de pigmento, corante ou tinta.
Qualquer teoria de impregnação é absurda. Alias pela própria análise do Lençol, se prova que Cristo já estava morto na cruz. O sangue está todo coagulado. É inadmissível a impregnação por sangue, teria que estar líquido. ..
Nem se trata de impregnação por unguentos. Só por "luz", como aconteceu com a explosão atômica em Hiroshima!... E "queimou" só a parte interna do pano...
A impressão, tridimensional ( caso único dentre todos os objetos analisados pela NASA até hoje) do Sudário, deu-se por radiação de um milionésimo de segundo. Mais um milionésimo de segundo de exposição a tão forte radiação térmico- luminosa e teria sido volatilizado todo o lençol !
      A impressão é uniforme e dependendo da distância, maior ou menor, do corpo. Não há contato. Não há marcas de decomposição.
      Muitos foram os que aprofundaram os estudos da NASA. ..Continua em estudo o abundante material recolhido, com cada dia maiores confirmações e novas descobertas.


Francisco Filas (Jesuíta especialista em História)


      Os judeus tinham o hábito de enterrar os seus mortos colocando uma moeda nos olhos. Pois o Pe. Francisco Filas S.J., descobriu marcas de moedas nos olhos do Homem do Sudário, tal como enterravam os judeus. O peso da moeda servia para manter a pálpebra fechada.
Analisadas as marcas encontradas, verificou-se ser de moedas cunhadas por Pôncio Pilatos, nos anos 30-32!
Dr. Gall Adler
      Mancha de sangue
Afirma que o material vermelho, pela parte de fora, é sem dúvida nenhuma sangue e não pintura de óxido de ferro. E o sangue é típico de judeu, grupo AB.
E segundo as análises fisionômicas, o homem do lençol é do tipo físico judeu.




Leitura do que está impresso no linho
      Deixamos, agora de lado, a conservação no incêndio de 1532 que pode e deve ser considerada milagrosa. Toda a bibliografia fala disso e poderemos voltar ao assunto. Hoje o Sudário está muito bem guardado contra roubo e profanação.
O conjunto de todos os fatores: não decomposição, sangue intacto, chamuscadura por luz, etc.  mostra a meticulosidade histórica dos Evangelhos. Mostra em detalhe a Paixão. E milagrosamente, a Ressurreição, que ficou "impressa " no Lençol. E mostra sobretudo,  a veracidade dos Evangelhos.


Análise:
  • Nos ombros da imagem há sinais de feridas e escoriações causadas pela pressão de um objeto pesado e duro: certamente a travessa grande de madeira da cruz.





  • No total 121 chicotadas, por todo o corpo, principalmente nas costas, que foram feitas pelo "flagrum" romano, um chicote com dupla ponta de ferro




  • A ferida nos pulsos das mãos I no chamado buraco de Destot, corresponde ao local onde foram colocados os pregos. A palma da mão não sustentaria o corpo, e rasgar-se-ia com o peso deste. Um só prego atravessava ambos os pés.



  • A perna esquerda está levemente dobrada no joelho e os pés estão unidos um sobre o outro. Assim era a crucificação romana.

  • O rosto levou golpes violentos. Tem um inchaço no pômulo direito. A cartilagem do nariz quebrado por um golpe de vara de 1 cm de largura. Um espinho atravessou uma sobrancelha, ferindo a pálpebra. Marcas de sangue em todo o corpo (lembremo-nos da exudação no Horto das Oliveiras, além dos açoites). Há também sulcos de sangue no rosto, que correspondem a veias furadas por espinhos.

  • Pela ferida do costado, dá para definir a trajetória da lança: inclinação de 29 ° entre a 5! e 6! costelas.




  • Tem terra no calcanhar, joelhos e ponta do nariz, invisíveis a olho nu, das quedas carregando a cruz.

  • Quando o corpo de Jesus se transformou em luz e saiu, o Lençol ficou achatado e oco. O Sudário enrolado, dentro. Ressurreição milagrosa "Visível".
      Alguém pode não aceitar, por problemas pessoais, a divindade de Cristo. O que não se pode é negar que o Santo Sudário de Turim envolveu um homem judeu, do século I, que sofreu a mesma paixão descrita pelos Evangelhos, e que exatamente 36 horas depois ressuscitou glorioso.
E toda uma mensagem para que acreditemos na nossa ressurreição. À sua doutrina, Deus acrescentou uma página "autografada" com a luz da sua Ressurreição e assinada com o próprio sangue.
E graças a estudos tão sérios, com a ajuda do computador, podemos passar o rosto de Jesus a cores, suprimir parte do sangue e certos machucados, abrir os olhos e saber como era o rosto de Cristo quando vivo. E de fato é assim representado Jesus desde o começo do Cristianismo até hoje pelos melhores pintores, como por exemplo Ticiano, Velázquez, Hoffmann. ..

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As palavras "Jesus"embaixo do queixo, e"Nazarenus" em um lado, foram destacadas em vermelho.


      As últimas e mais dramáticas descobertas envolvem um pedaço de escrita no próprio lençol. Há anos as pessoas vêm perguntando por que abaixo e aos lados do quei:xo há três linhas claras e regulares onde nenhuma impressão está presente. A organizaçãoCiert -Centre InternationalD'Études Sur Le Linceul de Turin (Centro Internacionalde Estudos do Lençol de Turim) ,sediada em Paris, que eu represento na Itália, conduziu estudos no instituto mais avançado da Europa em análise de imagens via computador, Institut Optique D'Orsay, cujo diretor é o professor André Marion. Todas as fotografias oficiais do lençol foram divididas em dezenas de milhares de quadrados que receberam uma densidade óptica correspondente e depois foram transferidos para um programa de visualização. Por meio de um programa extremamente avançado, algumas letras emergiram gradualmente, em latim e em grego: embaixo do queixo, nós vimos escrito "Jesus" e no outro lado "Nazarenus". Qual é a explicação para isso? O centurião Extractor Mortis, encarregado de garantir a execução dos condenados, desenhava faixas decola no tecido, onde ele escrevia o nome do falecido com um líquido vermelho. Nos locais em que essas faixas foram feitas, o tecido estava impermeável e não seria sujeito ao processo químico que posteriormente formou a impressão.



OEP - Organização de Estudos Parapsicológicos